No início da pandemia do novo coronavírus, idade acima de 60 anos e/ou comorbidades, como hipertensão, diabetes mellitus e outras doenças crônicas foram considerados os principais fatores de risco para os casos graves da COVID-19. Porém, o conhecimento sobre a doença aumentou rapidamente nos últimos meses e já se sabe que as complicações causadas pela COVID-19 não se restringem ao sistema respiratório e que uma resposta inflamatória foi associada à gravidade da doença. Além disso, fenômenos tromboembólicos foram evidenciados clinicamente.1
São poucos os estudos sobre como a COVID-19 pode se desenvolver em pacientes com angioedema hereditário (AEH). Mas, diferentemente do que tínhamos no início da pandemia, hoje, já encontramos algumas publicações sobre o tema.1,2
Uma recente publicação aponta que, de acordo com casos notificados pelos centros de referência pertencentes ao Grupo de Estudos Brasileiro em Angioedema Hereditário (GEBRAEH) e dados da Associação Brasileira de Pacientes com AEH (ABRANGHE), de março a julho de 2020, 13 pacientes foram diagnosticados com COVID-19 no Brasil, 85% deles mulheres. O estudo não encontrou evidências de que o AEH seja um agravante para a COVID-19. Os pacientes apresentaram os sintomas comuns e quadros moderados. Os sintomas mais frequentes foram perda do olfato e paladar, febre, tosse, mal-estar, cefaleia, dispneia e faringite. As crises de AEH durante a COVID-19 também não foram intensificadas. Apenas uma paciente precisou de hospitalização devido aos sintomas da COVID-19, no entanto, ela não apresentou crises de angioedema durante a infecção.¹
Entretanto, um outro estudo concluiu que o HAE pode desempenhar um papel prejudicial na progressão da COVID-19, uma vez que a infecção pode comprometer os sistemas de coagulação e fibrinolítico, bem como certas citocinas e células. De acordo com a publicação, a COVID-19 pode piorar o AEH existente ou facilitar o aparecimento de crises em portadores assintomáticos.²
Portanto, é essencial que os pacientes com AEH se previnam, para reduzir as chances de serem infectados pelo novo coronavírus.² Lavar as mãos ou usar álcool 70%, usar máscara e manter o distanciamento social são orientações do Ministério da Saúde que devem ser seguidas rigorosamente.3
Cuidar da sua saúde mental é preciso
A pandemia vem comprometendo a saúde mental de muitas pessoas, incluindo pacientes com angioedema hereditário. Um estudo realizado com 139 pessoas com AEH revelou que as medidas de restrição durante a pandemia causaram um aumento no número de ataques de AEH relacionados à ansiedade, depressão, estresse e medo da pandemia de COVID‐19.4
Mas lembre-se: fatores psicológicos devem ser evitados e tratados com atenção, uma vez que são gatilhos para as crises de AEH.³ É importante buscar suporte durante este período, a fim de garantir o seu bem-estar e a qualidade de vida.4
Referências
1. Anete S. Grumach et al. COVID-19 affecting hereditary angioedema patients with and without C1 inhibitor deficiency. J ALLERGY CLIN IMMUNOL PRACT. VOLUME 9, NUMBER 1.
2. Yingyang Xu et al. Does hereditary angioedema make COVID-19 worse? World Allergy Organ J. 2020 Sep; 13(9): 100454.
3. Ministério da Saúde. Como se proteger? Disponível em https://www.gov.br/saude/pt-br/coronavirus/como-se-proteger. Acessado em 05/2021.
4. Deniz Eyice Karabacak et al. Impact of anxiety, stress and depression related to COVID‐19 pandemic on the course of he
C-ANPROM/BR/HAE/0018