As mulheres com angioedema hereditário (AEH) têm mais chances de apresentarem sintomas da doença que os homens. Isso porque fatores hormonais desempenham um papel importante no curso do AEH. Os hormônios sexuais femininos são conhecidos por afetar a síntese de muitas proteínas e, no caso do AEH, eles atuam aumentando a síntese de bradicinina, substância responsável pelos inchaços que ocorrem nos pacientes.. Além disso, a relação entre os hormônios femininos e o angioedema pareceu ser ainda mais clara quando o angioedema hereditário tipo III foi reconhecido, já que este afeta principalmente mulheres.¹
Parece haver variação na frequência geral dos sintomas do AEH de acordo com os diferentes ciclos de vida da mulher, como puberdade, menstruação, contracepção, gravidez e menopausa. Por isso, é preciso estar atenta aos níveis hormonais.¹
A maioria dos pacientes com AEH experimenta a primeira crise durante a infância. Mas a gravidade dos sintomas e a frequência das crises, geralmente, intensificam-se durante os períodos de alterações fisiológicas e hormonais, como durante a puberdade.² Além disso, estudos indicam que a menstruação é um fator desencadeante de crises de angioedema hereditário presente em 18% da população feminina diagnosticada com a doença.³ Portanto, é preciso acompanhamento nessa fase de transição.
As pílulas anticoncepcionais podem agravar os sintomas do AEH em 63 a 80% das mulheres. Por isso, este passou a ser um método contraindicado. Um dispositivo intrauterino pode ser uma boa alternativa às pílulas, uma vez que, geralmente, é um método muito bem tolerado. Porém, um médico deve ser consultado.¹
A fertilidade e a taxa de aborto espontâneo em mulheres com AEH são iguais às encontradas na população em geral. Porém, durante a gravidez, as taxas de ataque aumentam, especialmente durante o terceiro trimestre. Daí a necessidade de acompanhamento, tanto de pré-natal, como com um especialista em AEH, e cuidados redobrados.¹
Em 55% das mulheres, a menopausa não altera o curso do AEH; em um terço, é pior, enquanto apenas 13% melhoram nessa fase. Diante desses números, estudos apontam que a terapia de reposição hormonal na menopausa é contraindicada, pois o estrogênio pode exacerbar a condição da paciente.¹
Assim, seja qual for a fase em que você se encontra, fique atenta aos seus níveis hormonais e não deixe de fazer o acompanhamento com seu médico.
Referências
1. Laurence Bouille. Hereditary angioedema in women. Allergy Asthma Clin Immunol. 2010; 6(1): 17.
2. Henriette Farkas. Treatment Effect and Safety of Icatibant in Pediatric Patients with Hereditary Angioedema. The Journal of Allergy and Clinical Immunology: In Practice Volume 5, Issue 6, November–December 2017, Pages 1671-1678.e2.
3. Zsuzsanna Zotter et al. The influence of trigger factors on hereditary angioedema due to C1-inhibitor deficiency. Orphanet J Rare Dis. 2014; 9: 44.
C-ANPROM/BR/HAE/0029